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Igreja critica discussão de gênero nas escolas

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Nota da CNBB, assinada por Dom Orani Tempesta, também é contra ensino sobre orientação sexual

No dia em que o arco-íris dominou redes sociais em comemoração à aprovação do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo pela Suprema Corte americana, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), seção Rio, emitiu nota assinada pelo arcebispo Dom Orani Tempesta contra o que chamou de “ideologia de gênero” e o ensino sobre orientação sexual nos planos estadual e municipal de educação.

Os documentos — que ainda não foram enviados para a Alerj e para a Câmara — contêm diretrizes das políticas educacionais a serem adotadas pelos próximos dez anos.

A exemplo do que ocorreu em nível nacional no ano passado, o órgão da Igreja quer agora evitar, cidade por cidade, que a legislação traga como meta texto no qual se busque a redução das “desigualdades de gênero, classe, raça, etnia, geração, orientação sexual e deficiência”. A Igreja enxerga nos termos “gênero” e “orientação sexual” “um ardiloso processo desconstrutor da identidade brasileira”.

A nota, que trata sobre reafirmar “a importância da diferença entre homem e mulher”, coloca a Igreja Católica numa posição mais conservadora que a de outras igrejas, que, embora concordem em geral com a crítica sobre o ensino a respeito da “orientação sexual”, têm superada a questão da equidade dos sexos.

A nota dos bispos fluminenses faz coro às emitidas há dez dias pela CNBB nacional e pela seção SP, que dizem que abrir a escola para discutir gênero e orientação sexual subverte “o conceito de família”. O antropólogo Raphael Bispo, da Universidade Federal de Juiz de Fora, discorda. Para ele, “a escola é um espaço de convivência das diferenças, onde se deve ensinar o respeito”. Portanto, diz, “é seu o papel tratar de gênero e sexualidade”. “Escola é instrumento transformador da sociedade.”

Para a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, composta por oito entidades que trabalham dentro e fora do Brasil para melhorar a educação, retirar a questão de gênero do ambiente escolar é “levar nossas escolas para a Idade Média”.

Políticos com as cores do arco-íris

Com o anúncio da aprovação do casamento gay em todo o território dos Estados Unidos, um aplicativo do Facebook fez com que o arco-íris se espalhasse pela rede social. Quem defende a causa usou o efeito em sua foto de perfil, e o ato teve grande adesão no Brasil. Além do perfil oficial da presidenta Dilma Rousseff, os de diversos ministérios, como o da Educação, Saúde, Meio Ambiente, Cultura, Turismo e Relações Exteriores, também deram seu apoio. Os internautas criticaram a não adesão de três candidatos às últimas eleições presidenciais: Aecio Neves, Marina Silva e Levy Fidélix.

Prazo expirou quarta-feira

Aprovado em 2014, o Plano Nacional de Educação (PNE) estabelecia prazo de um ano para que estados e municípios aprovassem suas versões. O tempo expirou na quarta passada, e só 34% (1.898) dos 5.570 municípios aprovaram os seus planos. São 20 metas educacionais estabelecidas pelo PNE para os próximos dez anos. Entre elas, o investimento de 10% do PIB em educação, o dobro do que é atualmente. Os termos “gênero” e “orientação sexual” foram rejeitados pelo Congresso, por pressão de religiosos.