O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou nesta quarta-feira, com restrições, a compra de 100% do capital social do HSBC Brasil pelo Bradesco. O órgão antitruste condicionou o aval ao negócio ao compromisso do Bradesco de não adquirir nenhuma outra instituição financeira que atue no Brasil pelos próximos 30 meses. “A proibição de novas aquisições pelo Bradesco por dois anos e meio tem o objetivo de conter o avanço desse que se tornará o terceiro maior banco no Brasil. A medida propiciará que bancos menores encontrem um ambiente menos hostil para crescer. O HSBC, que era o sexto maior do país, está sendo vendido porque não conseguiu ter escala no Brasil”, avaliou o conselheiro relator do processo, João Paulo de Resende.
O Bradesco também assumiu o compromisso de abrir mão dos custos de portabilidade no crédito livre de pessoa física nos municípios onde foram encontrados riscos concorrenciais. “Esse seria um incentivo para que os clientes do HSBC se sintam confortáveis para procurar outras instituições financeiras com melhores condições nesse produto”, acrescentou Resende. A análise concorrencial feita pelo gabinete do relator identificou a possibilidade de a operação acarretar poder de mercado para o Bradesco em 106 municípios nos produtos depósito à vista (abertura de contas) e crédito livre para pessoas físicas e jurídicas. Por isso, o relator condicionou a aprovação do negócio a esses “remédios” concorrenciais.
Pelo acordo, o Bradesco também deve passar a considerar a qualidade do atendimento como critério de promoção de seus funcionários e prevê ainda uma meta de redução em 25% na quantidade de reclamações do banco em 131 municípios críticos.
O Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região pediu que o Cade colocasse restrições à demissão de funcionários pelas instituições. A entidade teme a possível transferência da sede do HSBC, no Paraná, para Osasco (SP), onde fica a sede do Bradesco. Na avaliação do sindicato, isso poderia resultar na perda de 8.000 empregos, embora os bancos garantam que não irá haver redução de postos de trabalho.
Em resposta à solicitação dos bancários, Resende avaliou que o pedido do sindicato não se configura como uma preocupação concorrencial. Portanto, não caberia ao órgão antitruste fazer essa exigência aos bancos. “A manutenção do emprego, embora tenha mérito e valor, não se qualifica como garantia de eficiência para a operação. Compromissos de investimentos tampouco garantem eficiência. Eficiência, do ponto de vista da análise concorrencial, é a redução de custos, que possa ser transferida para os consumidores”, avaliou Resende. A aquisição foi avaliada inicialmente em 5,2 bilhões de dólares, mas os cálculos serão refeitos agora que o Cade aprovou o negócio. (Estadão)