Após ver a pandemia sair do controle em janeiro, com sistema de saúde quase colapsado, Portugal colhe frutos de um resultado eficiente no combate ao coronavírus. Depois de um lockdown severo, o país registrou nesta semana seus melhores dados de pressão sobre as Unidades de Terapia Intensiva (UTI) nos últimos cinco meses, com 187 pacientes atendidos, enquanto mantém estáveis seus indicadores de novos casos e óbitos diários por Covid-19. O boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde do país contabiliza, nas últimas 24 horas, 568 novos casos em todo o país, o que segue em linha com os dois dias anteriores e com a média a sete dias (495,9). O número de óbitos é o segundo mais baixo dos últimos cinco meses (o mais baixo, 10 mortos, é relativo a segunda-feira).
Diante do caos em dezembro, o primeiro-ministro, António Costa, pediu por um confinamento geral depois de passar meses dizendo que o país não aguentaria um novo lockdown. O presidente, Marcelo Rebelo de Sousa, atendeu à solicitação e Portugal voltou a ficar em casa a partir de 15 de janeiro. Na semana seguinte, em 22 de janeiro, o governo apertou ainda mais as restrições. Somente após dois meses o país começou a registrar a saída do confinamento. O país saiu da lista vermelha do Reino Unido na sexta-feira. Britânicos que regressem de Portugal já não têm de fazer quarentena em hotéis, mas continuam sujeitos a isolamento em casa, tendo ainda de fazer testes em até uma semana após o retorno ao país. Viagens aéreas continuam suspensas até ao fim do mês, exceto para viagens essenciais.
O desconfinamento a “conta-gotas”, como chamam os especialistas em saúde do país, passou a ser utilizado já na segunda quinzena de março. Creches, jardins-de-infância e escolas com aulas presenciais para o 1º ciclo (1º ao 4º ano) foram reabertas. Também foi autorizada a reabertura de salões de beleza, livrarias, bibliotecas, concessionárias de automóveis e agências imobiliárias. As missas voltaram a ser permitidas, mas as procissões pascais estão proibidas. No entanto, o isolamento social está mantido até a Páscoa, assim como a proibição de deslocamento entre municípios aos finais de semana.
Restaurantes continuam a funcionar apenas para delivery ou retirada por mais um mês, até o início da terceira fase, quando será autorizada a reabertura gradual com um número de clientes e horários limitados. “O que vai acontecer a partir de agora depende de todos nós e da forma como se conseguirá manter a disciplina individual e do cumprimento escrupuloso das regras. Vacinação, rastreamento e testagem são instrumentos complementares. O essencial é o comportamento de cada um de nós”, disse o primeiro-ministro no anúncio do plano de retomada das atividades do país.