Aos 24 anos, Isaquias Queiroz vive uma nova fase. Nela, o canoísta abrirá mão de provas em que inclusive é campeão mundial para focar no objetivo maior: a medalha de ouro em Tóquio 2020 nos 1000 metros da canoa individual (C1) e da canoa dupla (C2), únicas provas do programa olímpico. Nessa nova fase, Isaquias tem que dividir o papel de atleta com o de pai. Seu filho, Sebastian, completou um ano no último dia 25 de agosto, mesma data em que o baiano ganhou a medalha de bronze dos 1000 metros da C1 no Mundial de Canoagem, em Portugal. O jeito vai ser comemorar não o aniversário de um ano, mas de um ano e um mês. “Ô, vida de atleta é assim… Não mandei ele nascer na época de Mundial! Eu falei pra ele ‘me espera, me espera’, ele não quis esperar…”, brinca Isaquias. “Ainda nem vi meu filho direito, depois que voltei do Mundial foi bem corrido. Voltei, fui pro Brasileiro, de lá vim pra cá pra Bahia, depois vou pro Rio, depois Ubaitaba, São Paulo… Acho que dia 25 a gente vai fazer a festa pra ele. De um ano e um mês, mesmo. É o jeito”, completa o canoísta, que marcou presença no Rei e Rainha do Mar, disputado domingo na Praia de São Tomé de Paripe. Ele deu a largada simbólica da prova de stand up paddle. Pelo menos Sebastian ganhou de presente três medalhas do Mundial, duas de ouro e uma de bronze: “Ele gosta, fica brincando, jogando no chão, batendo nas coisas. Eu falo ‘véi, isso não é de bater não, véi, é de guardar’. Eu vou, boto na mesa, mas ele vai lá e pega pra jogar no chão de novo. Aí eu falo ‘se você quebrar vai ter que ganhar um Mundial pra me dar outra’, brinca.
DE OLHO NAS PROVAS
Em Portugal, Isaquias deu um pulinho no passado. Voltou a disputar a C1 de 500 metros, prova na qual não competia desde 2014. Resultado: foi medalha de ouro, tornando-se tricampeão (2013, 2014 e 2018) mundial da modalidade, que infelizmente não é olímpica. Vai ser a despedida de Isaquias de sua especialidade – pelo menos até 2020. “Ano que vem tô de fora de novo, o foco vai ser C1 e C2 nos 1000 metros, que é pra gente pegar logo a vaga olímpica”, explica. “Às vezes fico assim, meio preocupado, porque meu treinador (o espanhol Jesús Morlán) foca na Olimpíada. Pra ele, se a gente vai ser ouro ou bronze no Mundial, não importa. Ele só quer o pódio. E eu quero ganhar tudo que posso, né?”, comenta Isaquias. “Mas sei que, no final, o importante é a medalha olímpica. Não adianta nada eu ganhar todos os Mundiais, chegar na Olimpíada e não ganhar nada. Meu técnico tem uma visão a longo prazo e eu fico tranquilo”, completa. “Oxe, se o cara ganhou medalha em todas as Olimpíadas, eu vou falar o que? O método dele tá dando certo e eu confio”, brinca. Em Portugal, o canoísta reeditou a parceria com o também baiano Erlon de Souza, conquistando o ouro na C2 de 500 metros. Foi uma prévia do que virá no próximo ano, quando vão treinar juntos e disputar a vaga olímpica na prova de 1000 metros – mesma prova em que a dupla foi prata no Rio-2016.
Ainda no Mundial, o vencedor da C1 de 1000 metros foi o alemão Sebastian Brendel. Três vezes campeão olímpico, o canoísta é o maior nome da história do esporte e ídolo de Isaquias – tanto que o baiano deu o nome dele ao filho. Neste final de semana, o baiano reencontrará o alemão no Desafio Mano a Mano. A disputa será na Lagoa Rodrigo de Freitas, que recebeu as provas da canoagem na Rio-2016. A prova será na C1 de 500 metros, em que Isaquias foi ouro em Portugal. “Lá, a prova é mais de exibição, para que as pessoas se aproximem da canoagem. Mas lógico que ninguém quer perder. Ele é igual a mim, sabemos que o nosso foco é na Olimpíada. É uma rivalidade muito boa”, completa. O canoísta foi convidado da Petrobras no evento Rei e Rainha do Mar, que aconteceu na praia de São Tomé de Paripe neste domingo (16). O evento teve provas de maratona aquática, corrida na areia e stand-up paddle. Com informações do Correio da Bahia