O executivo João Pacífico, um dos delatores da Odebrecht na Operação Lava Jato, apontou propina ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo/Michel Temer) sobre um contrato de 1987 para obras do Transporte Moderno de Salvador (TMS). Segundo o delator, foram pagos aproximadamente R$ 3,6 milhões entre 2007 e 2010, período em que Geddel Vieira Lima (PMDB) foi ministro da Integração Nacional do Governo Lula. De acordo com o Estadão, Pacífico relatou à Lava Jato que, em 1987, a Construtora Norberto Odebrecht firmou com a Superintendência de Urbanização da Capital (Surcap), atual Superintendência de Conservação e Obras Públicas (Sucop), autarquia vinculada à Prefeitura de Salvador, o contrato nº 018/87 para construção do Transporte Moderno de Salvador. As obras, relatou, serviriam para reduzir os congestionamentos e a melhorar o tráfego dos ônibus na capital baiana. “De 1987 até 2001, eu não tive nenhuma participação, nenhum envolvimento nesse projeto”, contou o delator. Ele relatou que em 2002 foi designado diretor-superintendente da Construtora Norberto Odebrecht para Bahia e Sergipe. Por isso, afirmou, passou a tratar da execução dos contratos referentes ao TMS, ‘buscando também viabilizar o pagamento dos valores devidos à CNO pelos serviços já prestados’. O delator narrou que ‘eram frequentes os atrasos nos pagamentos pela Surcap dos valores devidos à Construtora Norberto Odebrecht, que tinha dificuldade em receber seus créditos’. O cenário, segundo João Pacífico, mudou ‘em função de uma alteração do contexto político que envolvia a Prefeitura de Salvador’ em 2007. A mudança, disse, permitiu a Geddel que passasse a exercer ‘forte influência no governo municipal’. “Este era o cenário que existia naquela ocasião. Por isso, eu procurei várias alternativas de como era que nós iríamos melhorar esta situação”, afirmou. João Pacífico declarou que procurou o então diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho. Naquele ano, Geddel exercia o cargo de ministro da Integração Nacional do Governo Lula. “Eu pedi a Cláudio que falasse com o Geddel, já que o prefeito agora era do partido dele, para que houvesse uma regularidade no fluxo de recurso, que ele conseguisse que fosse regularizado. Eu não estive com o sr. Geddel Vieira Lima. Foi quando Cláudio esteve com o ministro e, a partir daí, realmente aconteceu uma melhora significativa no fluxo de recurso referente a essa obra. Os recursos não eram muitos, mas pelo menos tornaram regulares”, afirmou.