O Sindicato dos Médicos do estado da Bahia (Sindimed) sugeriu ao Ministério Público Federal, Ministério Público do Trabalho e Ministério Público do Estado da Bahia a formação de uma força-tarefa com representantes destes órgãos para que se esclareça a contratação dos profissionais do Hospital Regional Costa do Cacau, em Ilhéus, no sul da Bahia, inaugurado no dia 17 de dezembro, e administrado pelo Instituto Gerir. Em novembro, a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia publicou no Diário Oficial do Estado o resultado da seleção pública que definiu a Organização Social que iria administrar o Hospital Regional Costa do Cacau. O Instituto Gerir, que administra 14 unidades públicas de saúde nos estados de São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Maranhão e Paraíba, foi o selecionado. Segundo o Sindimed, a nova gestão estabeleceu que grande parte dos trabalhadores do novo hospital entre como mão de obra terceirizada, em detrimento dos cerca de 300 concursados do Hospital Regional de Ilhéus,que podiam ser aproveitados, já que faltam profissionais na unidade de saúde. “Dos 473 profissionais efetivos pertencentes ao Hospital Regional de Ilhéus, apenas 170 foram relocados para o Costa do Cacau. Os demais estão inseguros quanto os seus direitos e destino. O secretário de Saúde do estado havia assegurado que todos os concursados seriam reaproveitados no novo hospital, mas não cumpriu sua palavra”, afirma o sindicato. Em dezembro, o Gerir abriu processo seletivo para preenchimento das vagas do hospital. Foram ofertadas vagas para os cargos de Almoxarife, Assistente Administrativo, Técnico em Enfermagem, Biomédico, Fisioterapeuta entre outras áreas.
A sindicalista Diala Magalhães, do Sindsaúde, afirmou que apenas duas das três UTIs inauguradas são utilizadas, por falta de pessoal e as ambulâncias da nova unidade não rodam, também por falta de profissionais. Enquanto o sindicato e o Hospital da Costa do Cacau discutem a contratação dos profissionais, os pacientes que aguardam atendimento reclamam da falta de atendimento e da forma como são tratados enquanto aguardam a triagem ou esperam por cirurgia na unidade de saúde. Em contato com o BNews, denunciantes afirmaram que os pacientes aguardam o atendimento sentados e/ou deitados no chão do corredor. O morador de Ilhéus, Lucas Santana, postou um vídeo nas redes sociais em que conta que levou a companheira ao Costa do Cacau, que se queixava de enjoos, dores abdominais e na cervical e apresentava quadro de vômitos e diarreia. Ele explicou que a jovem teve o atendimento negado e os funcionários alegaram que o “hospital é específico para atender apenas vítimas de traumas graves”.
Em nota, a assessoria do Hospital afirmou que, na última quinta-feira (4), em função do mutirão de cirurgias houve um crescimento no número de atendimento aos usuários. A cota prevista para o dia foi de 200 usuário, mas a demanda mais que duplicou. “Os usuários que aparecem nas fotos veiculadas nas redes sociais, sentados no corredor, foram orientados a aguardar em outras dependências do hospital, onde seriam melhor acomodadas, mas, ao contrário da grande maioria, se recusaram. O atendimento foi agilizado, no sentido de que a situação fosse resolvida o mais rapidamente possível, o que de fato aconteceu”, afirmou a assessoria. Quanto a negativa de atendimento, a assessoria explicou que o HRCC é uma unidade destinada a atendimentos de urgência, emergência, média e alta complexidade, integrando o Sistema Público de Saúde. Não tem a finalidade de atuar cumprindo as funções que cabem às demais unidades desse mesmo sistema, a exemplo dos Postos de Saúde. Já em relação à queixa do Sindimed sobre a falta de profissionais, o hospital explicou que os quadros de profissionais da unidade “atendem perfeitamente à demanda de usuários” e que contratações de todos os profissionais obedecem a política própria da gestão do hospital.