O empresário dono do apartamento alugado para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em São Bernardo do Campo disse que assinou em um mesmo dia os recibos que comprovam o pagamento do aluguel durante o ano de 2015. De acordo com O Globo, Glaucos da Costamarques disse que os documentos foram assinados pelo empresário quando ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, em novembro daquele ano. Os recibos teriam sido levados ao hospital pelo contador financeiro João Muniz Leite, a pedido de Roberto Teixeira, advogado e compadre de Lula. A defesa do ex-presidente apresentou na última segunda-feira (25) 26 comprovantes de aluguel que teriam sido pagos entre agosto de 2011 e novembro de 2015, todos com a letra de Costamarques. Os advogados devem ajuizar nesta quinta-feira (28) uma petição na 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba apresentando a informação de que os recibos foram entregues pelo contador e que parte deles foi assinado um seguido do outro. A intenção é provar que os documentos foram confeccionados pela defesa de Lula. Para isso, deverão ser solicitadas imagens do circuito interno do hospital, de modo a comprovar as visitas feitas a Costamarques pelo compadre de Lula e pelo corretor. Segundo o empresário, embora tenha firmado o contrato com a ex-primeira-dama Marisa Letícia, em 2011, só passou a receber os valores referentes ao aluguel em novembro de 2015, após a prisão do seu primo e pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula. Costamarques disse ainda que alguns pagamentos foram feitos em espécie, por meio de depósitos não identificados, entre novembro de 2015 e fevereiro de 2017 – mês em que Marisa morreu por causa de um aneurisma. O imóvel em questão diz respeito à cobertura vizinha ao apartamento onde Lula mora. A Presidência da República alugou o imóvel para garantir a segurança do então presidente, mas quando ele deixou o cargo, continuou no espaço. Investigações da Lava Jato revelaram que no fim de 2010 o apartamento foi comprado por Costamarques, o que sugeriria a intermediação de uma negociação suspeita. A força-tarefa acredita que o apartamento teria sido comprado pela Odebrecht e entregue ao ex-presidente Lula como forma de pagar propina pelos benefícios obtidos pela empreiteira no governo federal. A defesa do ex-presidente Lula informou que “não comenta especulações”. O advogado de Teixeira, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira – responsável pela defesa de Michel Temer até a semana passada – disse que deve conversar com seu cliente nesta quinta.