O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) endureceu o discurso em relação às Forças Armadas, quatro dias depois dos ataques aos prédios públicos em Brasília. Em entrevista ao Estadão, o presidente afirmou que as forças armadas “não são o poder moderador que pensam ser”.
Na entrevista, o presidente admitiu que “perdeu a confiança” em parcela dos militares da ativa. A situação motivou uma mudança inédita na Presidência da República. Pela primeira vez, um presidente rejeitou ter militares fardados como ajudantes de ordens. Antes privativa de militares, a função era desempenhada por oficiais da ativa. Pela rotina, o ajudante de ordem acaba se tornando muito próximos ao chefe do Executivo, por causa do acesso a informações pessoais sensíveis, como o telefone celular e a mala dos presidentes.
Um ajudante de ordens permanece sempre ao lado do presidente, inclusive em reuniões reservadas e no carro presidencial. “Eu perdi a confiança, simplesmente. Na hora que eu recuperar a confiança, eu volto à normalidade”, admitiu Lula quando questionado sobre se se sentia ameaçado.
O presidente disse, ainda, que entregaria o cargo aos seguranças que já trabalham com ele desde 2010, entre eles militares aposentados, como o capitão Valmir Moraes. O presidente já havia substituído militares por policiais federais no círculo de guarda-costas.