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Vitória de Temer na CCJ custou ao menos 63 cargos de confiança

Assim que sua conversa com Joesley Batista, às escondidas, foi divulgada pela Procuradoria-Geral da República no fim de maio, Michel Temer (PDB) correu para estancar a perda de apoio parlamentar. Ao contrário do que costuma ser divulgado, a liberação de emendas orçamentárias não é o mecanismo mais eficaz para fazer isso. (Explico os motivos aqui.) Cargos de confiança são mais importantes para a barganha entre Executivo e Legislativo. A primeira denúncia de Rodrigo Janot contra o presidente foi a mais robusta. Apresentada pouco depois da patética cena do deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB), Temer se safou com facilidade. Bastou trocar alguns representantes dos partidos na Comissão de Constituição e Justiça e distribuir alguns cargos – impossível, por enquanto, saber exatamente quantos. Para a votação de hoje, referente à segunda denúncia de Janot (mais abrangente, considerando os melhores momentos do PMDB como organização criminosa), a mesma estratégia foi mobilizada pelo presidente. Desta vez, a margem de vitória foi menor: 39 votos favoráveis a Temer, 26 contrários e 1 abstenção. Qual o custo da vitória do presidente na CCJ? Para saber isso, comparei os dados de ocupação dos cargos de confiança de alto escalão (DAS-4, 5 e 6) por partidos políticos em junho e julho deste ano. (São os dados mais atualizados que o Ministério do Planejamento disponibiliza, por enquanto.) Em junho, 668 cargos eram controlados por partidos políticos. A partir de julho, o número aumentou para 731 cargos. São 63 a mais e estão distribuídos entre diversos partidos. O instável PSDB passou a ter 77, 7 a mais do que em junho. O PDT foi a 23, ganhando 7. O PRB foi de 11 para 15. Os dados completos referentes a julho serão publicados na próxima semana no Monitor Veja. Este site permite saber em qual área do governo cada partido tem cargos. (Aqui está uma análise comparando junho de 2017 a junho de 2015.) E saberemos, em breve, a continuação da negociação quando os dados de agosto e setembro estiverem completos. (Veja)