Dirigentes da sigla acreditam que falas do ex-ministro contaminam campanha do candidato à Presidência do partido, Fernando Haddad.
Dirigentes do PT repreenderam o ex-ministro José Dirceu em razão de suas últimas entrevistas, nas quais o petista afirmou que seria uma questão de tempo “para a gente tomar o poder”, além de querer retirar o poder de investigação do Ministério Público e de restringir o papel do Supremo Tribunal Federal (STF) ao de uma Corte constitucional no País. Um interlocutor afirmou que no partido a avaliação é de que o ex-ministro está “falando demais”. Além da reação dos dirigentes, a campanha de Fernando Haddad, o presidenciável petista, quer distância das declarações polêmicas de Dirceu – solto em junho pela Segunda Turma do STF após ser condenado em segunda instância na Operação Lava Jato. As falas causaram irritação pelo momento em que foram feitas – a reta final da campanha – e por obrigar a candidatura de Haddad a uma postura defensiva. Dirceu, segundo outro dirigente, quer “mostrar uma importância que não tem”.
A ordem é dizer que o papel do ex-ministro é zero na campanha e evitar que suas declarações tenham impacto na campanha de Haddad, como as de auxiliares do principal oponente do PT, o candidato do PSL, Jair Bolsonaro. Nesta segunda-feira, 1.º, em São Luis, Dirceu tratou da polêmica. Ao lançar o primeiro volume de sua biografia, ele afirmou que usou uma expressão “infeliz”. “Porque dá condições para se explorar como se eu tivesse falando que existe uma coisa que é ganhar eleição e outra coisa que é tomar o poder. Eu estava respondendo no caso de um golpe.” Em entrevista ao jornal El País, o ex-ministro respondeu à pergunta sobre se havia possibilidade de o PT ganhar a eleição, mas não levar. Disse que achava improvável, que a comunidade internacional não aceitaria. E completou: “E dentro do País é uma questão de tempo pra gente tomar o poder. Aí nós vamos tomar o poder, que é diferente de ganhar uma eleição”. Informações: Terra