O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, voltou atrás nesta sexta-feira depois de ter acusado o general Hamilton Mourão, candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), de torturador, dizendo que tomou conhecimento de um “esclarecimento” sobre o caso. Em sabatina para o grupo Globo, Haddad disse que sente medo como cidadão de possivelmente ter um vice-presidente da República acusado de tortura como Mourão, citando afirmação feita pelo cantor Geraldo Azevedo durante show no fim de semana de que Mourão foi um de seus torturadores quando foi preso durante a ditadura militar. A acusação do cantor pode ser vista em vídeos no Youtube, mas o músico se desculpou posteriormente em nota “pelo equívoco”, de acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, o que levou Haddad a voltar atrás em sua acusação de que Mourão era um torturador.
“O Geraldo Azevedo realmente foi torturado e realmente disse que tinha sido torturado pelo Mourão. Eu me solidarizo com ele, porque toda pessoa que foi torturada está sujeita a ter esse tipo de confusão. Ele foi alvo de violência extrema, me solidarizo com ele. O esclarecimento dele também tem que ser dado a público, para que não haja dúvida, mas o fato de ele ter soltado a nota de reconhecimento de que houve uma confusão foi uma oportunidade dele esclarecer”, disse Haddad a jornalistas ao ser questionado sobre o esclarecimento de Azevedo.
Mais cedo na sabatina, Haddad havia afirmado: “Bolsonaro nunca teve nenhuma importância no Exército. Mas o Mourão foi, ele próprio, torturador. O Geraldo Azevedo falou isso. Ver um ditador como eminência parda de uma figura como Bolsonaro deveria causar temor em todos os brasileiros minimamente comprometidos com o Estado Democrático de Direito”. Apesar de ter recuado da acusação sobre Mourão ter sido um torturador, o candidato do PT criticou o general da reserva por enaltecer, segundo Haddad, “o principal torturador” do regime militar, Brilhante Ustra. Mourão, de 65 anos, entrou na Academia Militar das Agulhas Negras em 1972 e se formou aspirante-a-oficial em dezembro de 1975, aos 22 anos. De acordo com sua biografia, Geraldo Azevedo foi preso duas vezes, em 1969 e em 1974, e torturado. Com informações: Reuters