SÃO PAULO. O doleiro Alberto Youssef afirmou em depoimento à Justiça Federal que o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva cedeu aos políticos de partidos acusados de participar das fraudes da Petrobras e empossou Paulo Roberto Costa na diretoria de Abastecimento da empresa. Em vídeo gravado pela justiça, obtido pelo GLOBO, “agentes políticos” ameaçaram trancar a pauta do Congresso. — Tenho conhecimento que, para que o Paulo Roberto Costa assumisse o posto, esses agentes trancaram a pauta no Congresso por 90 dias. Na época, o presidente Luis Inácio Lula da Silva ficou louco e teve de ceder e empossar Paulo Costa na diretoria de Abastecimento — afirmou. O Instituto Lula foi procurado e informou que tomaria conhecimento do teor das declarações para decidir se se manifestará.
Odoleiro Alberto Youssef afirmou ainda em depoimento à Justiça que participava, junto com Paulo Roberto, de reuniões com os agentes políticos envolvidos no esquema. Segundo ele, essas reuniões eram feitas em hotéis do Rio de Janeiro e São Paulo e, algumas vezes, nas casas dos próprios políticos. Youssef se reunia quase diariamente com os políticos e, a cada 15 dias, com Costa. — Nestas reuniões eram feitas atas e discussões de cada ponto que estava sendo discutido naquele dia. Todo mundo sabia o que estava acontecendo — afirmou Youssef.
O doleiro disse que esquemas similares funcionavam em todas as diretorias da Petrobras, embora não fossem operados por ele. Youssef afirmou que soube do esquema nas demais áreas por informações das próprias empreiteiras e por meio dos “operadores” João Vaccari e Fernando Soares. De acordo com as investigações Vaccari era o operador do PT e Fernando Soares, do PMDB, e operavam, além da diretoria de Abastecimento, em outras áreas da Petrobras. Já Paulo Roberto Costa, também segundo depoimento obtido pelo GLOBO, disse que havia “cartelização” dentro da Petrobras para escolha de obras pelas empresas. Segundo ele, eram poucas as empresas que tinham acesso às licitações. — Essa cartelização resulta num preço delta excedente. Na área de petróleo e gás, essas empresas normalmente colocavam de 10% a 20% a mais no valor da obra, entre custos indiretos e o lucro delas — disse Costa.