Cerca de 600 operários deixaram a Volkswagen no programa de demissões voluntárias (PDV) aberto na fábrica da montadora em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, como alternativa à ameaça de corte de 800 postos de trabalhado no início do ano. Segundo informações do sindicato dos metalúrgicos da região, 500 funcionários aderiram ao PDV até o fim do mês passado e outros 100 entraram na segunda fase do programa, aberta nesta semana a trabalhadores com restrição médica. Procurada pelo jornal Valor, a Volks não comentou os resultados.
O corte equivale a 4,6% do quadro de funcionários da fábrica antes da abertura do PDV. O programa de demissões faz parte do acordo fechado entre a empresa e o sindicato — com a aprovação dos trabalhadores em assembleia — para diminuir custos e um excesso de mão de obra estimado em 2,1 mil operários no parque industrial do ABC. O acordo também prevê congelamento de salários neste ano. Já em 2016, a montadora não vai aumentar os salários acima da inflação, numa revisão do reajuste real de 2% que havia sido acertado em acordo coletivo firmado três anos atrás.
Em contrapartida, a Volks anulou as demissões de 800 empregados, anunciadas no início de janeiro, assim como prometeu investir numa nova plataforma global de veículos em São Bernardo. Além da Volkswagen, PDVs foram abertos recentemente na MAN, com a adesão de 72 trabalhadores, na General Motors (GM) — onde houve desligamento de 137 operários nas fábricas de São Caetano do Sul e São José dos Campos — e na Renault, cujos resultados ainda não foram divulgados. Segundo a Anfavea, entidade que representa as montadoras instaladas no país, 1,8 mil postos de trabalho foram eliminados no setor somente no mês passado. Desde novembro de 2013, quando teve início o atual ciclo de ajuste de mão de obra nas montadoras, 17,3 mil vagas já foram extintas.