O presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou nesta terça-feira (17) em Brasília, que, embora o tesoureiro do partido João Vaccari Neto, tenha sido denunciado à Justiça, ele permanecerá como membro da Comissão Executiva e no comando da Secretaria de Finanças da legenda. Vaccari Neto foi denunciado nesta segunda-feira (16) pelo Ministério Público Federal (MPF) pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro durante a 10ª fase da Operação Lava Jato.
De acordo com Rui Falcão, o fato de Vaccari ter sido denunciado não comprova a participação do tesoureiro nos crimes investigados pela Lava Jato. “Qualquer denúncia pressupõe que ele é inocente até que se prove o contrário”, disse. Segundo Falcão, se algum funcionário do PT “comprovadamente for condenado por ato de corrupção, não ficará no partido”. Ele informou também que não houve nenhum pedido de integrantes do PT para que Vaccari fosse afastado.
De acordo com os procuradores da República que atuam na operação, o tesoureiro participava de reuniões com o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque para tratar de pagamentos de propina. Conforme a denúncia, os valores eram repassados por meio de doações oficiais ao PT – o dinheiro chegaria como doação lícita, mas, segundo o MPF, era oriundo de propina. A procuradoria afirmou que foram 24 doações em 18 meses, no valor de R$ 4,260 milhões. Ainda conforme o MPF, Vaccari Neto indicava em quais contas deveriam ser depositados os recursos de propina. Vaccari nega acusações (leia mais abaixo).
Rui Falcão foi questionado por jornalistas sobre a semelhança do caso de Vaccari com o do ex-deputado petista André Vargas, que teve o mandato cassado no ano passado. Em abril, Vargas acabou se desfiliando do PT depois de sofrer pressão do partido para renunciar ao mandato devido às denúncias de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, um dos presos da Operação Lava Jato.
Segundo Falcão, no caso de Vargas, havia “prova cabal” do “deslize ético”. “O André Vargas tinha uma prova cabal concreta que ele tinha usado um avião privado para si e para a família, que é um deslize ético para o PT. No caso do Vaccari é uma denúncia não comprovada”, declarou.
Vaccari nega acusações
Em nota divulgada nesta segunda-feira (16), a defesa do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, afirma que ele não participou de qualquer esquema de corrupção. De acordo com o texto, “o sr. Vaccari não ocupava o cargo de tesoureiro do PT no período citado pelos procuradores, durante entrevista no dia de hoje, uma vez que ele assumiu essa posição apenas em fevereiro de 2010”.
O texto também fala sobre a origem das doações partidárias feitas ao PT. “Ele não recebeu ou solicitou qualquer contribuição de origem ilícita destinada ao PT, pois as doações solicitadas pelo sr. Vaccari foram realizadas por meio de depósitos bancários, com toda a transparência e com a devida prestação de contas às autoridades competentes”, diz a nota.(G1)