Depois que o relator da reforma política, deputado Vicente Cândido (PT-SP), propôs modificar o artigo 236 do Código Eleitoral e aumentar o período em que um candidato não pode ser preso antes da votação, outros membros do colegiado reagiram e criticaram a proposta. Cândido sugere que o prazo, hoje de 15 dias, seja ampliado para oito meses, com a exceção de crime em flagrante. Ele, no entanto, diz que a regra não foi pensada para barrar nenhum processo. Porém, para outros parlamentares, trata-se de uma tentativa de evitar a prisão do ex-presidente Lula, condenado a 9 anos e meio de prisão, na semana passada, pelo juiz Sérgio Moro, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. “Essa proposta não tem cabimento. Daqui a pouco a candidatura vai ser um passe livre para bandido. É uma ideia infeliz, a famosa proposta indecente. Não fui consultado e vou votar contra. É apenas uma tentativa de blindar bandido para se candidatar”, dispara o deputado Espiridião Amin (PP-SC). Betinho Gomes (PSDB-PE) é outro crítico de Cândido. “Na condição de relator, ele pode apresentar qualquer coisa, inclusive esse abuso. Isso é um achincalhe, uma provocação. É um escárnio com a sociedade, algo que foge totalmente ao bom senso”, avalia o tucano, em entrevista ao jornal O Globo. Já Cândido se defende e diz que a proposta não pretende beneficiar Lula, embora reconheça que o ex-presidente pode usá-la em causa própria. “O Lula poderá ser beneficiado se houver algum abuso no período eleitoral. A lei não vai obstar o andamento do processo. Agora, se chegar em setembro e no TRF 4 o juiz condenar Lula, ele poderá evocar essa lei, dizendo ser perseguido”, disse. (Noticias ao Minuto)