Para crianças da Amazônia que cresceram na água com remos nas mãos, um novo herói e uma nova oportunidade têm gerado sonhos olímpicos.
O baiano Isaquias Queiroz conquistou a medalha de ouro na Olimpíada de Tóquio (Japão) na prova do C1 1000 metros (m) da canoagem de velocidade. Seu sucesso (ele também ganhou duas pratas e um bronze nos Jogos de 2016, no Rio de Janeiro) tem inspirado dezenas de crianças a participar da canoagem competitiva em Três Unidos, uma comunidade indígena no rio Cuieiras, no Amazonas.
“Ele é a minha motivação para remar todos os dias”, disse Tailo Pontes de Araújo, de 17 anos. “Meu maior sonho é participar das Olimpíadas e ganhar várias medalhas”, afirmou.
Tailo é um dos cerca de 60 meninos e meninas a partir dos 7 anos que se inscreveram no projeto Canoagem Indígena, uma parceria entre a ONG Fundação Amazonas Sustentável e a Confederação Brasileira de Canoagem.
Muitos deles são indígenas, e a maioria tem contato permanente com a água, onde pescam e passeiam em canoas. Estão acostumados a remar devagar para não assustar os peixes, mas o técnico Nivaldo Cordeiro está fazendo com que pratiquem técnicas competitivas.
Eles agora contam com equipamentos adequados e muitos treinam até quatro horas por dia nas águas do rio Cuieiras.
“Eles praticamente nasceram dentro de canoas indígenas, e isso já favorece em termos de equilíbrio e resistência”, disse o técnico. “Os tempos deles são excelentes. Eles são rápidos e têm resistência e estão melhorando a cada dia”, declarou.
O projeto está em andamento desde 2019 e o recente triunfo de Isaquias Queiroz no Japão gerou mais procura de jovens. “Com a medalha de primeiro lugar do Isaquias Queiroz, hoje em dia os meninos estão me procurando pelo Whatsapp querendo se inscrever. Aqui a porta está aberta para todo mundo”, disse o treinador.
“A canoagem estava um pouco esquecida, e hoje em dia, com o Isaquias vencendo, que continue abrindo cada vez mais portas”, concluiu. Agencia Brasil