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Gasolina volta a ficar mais barata no Brasil e importações podem afetar Petrobras​

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A gasolina voltou a ficar mais barata no Brasil do que no exterior, nesta semana, devido à recente alta dos preços do barril de petróleo no mercado internacional e à permanência do real mais desvalorizado em relação ao dólar, uma situação negativa para a Petrobras em eventuais novos negócios de importação de combustíveis.

O valor médio da gasolina no Brasil está agora mais de 5 por cento inferior ao praticado no exterior, o que não acontecia desde outubro do ano passado. A volta da defasagem implica em perdas para a Petrobras, que precisa comprar combustível no exterior para completar a produção interna, segundo especialistas. Cálculos da Tendências Consultoria mostraram que desde o último reajuste dos preços dos combustíveis, em novembro, até terça-feira, a gasolina foi comercializada, em média, 17 por cento mais cara no Brasil do que no mercado externo, algo que beneficiou a petroleira estatal e que favoreceu negócios de importação.

Entretanto, o cenário mudou. Depois de cair de um patamar de mais de 100 dólares por barril, em meados de 2014, para cerca de 43 dólares por barril em março deste ano, o petróleo nos EUA fechou nesta quinta-feira próximo de 60 dólares, encerrando com uma conjuntura que possibilitou até importações de combustíveis por concorrentes da Petrobras. “Não tem qualquer incentivo na gasolina (para importações) há semanas, e no diesel, o pouco que tinha, morreu na semana passada”, disse à Reuters o diretor de Abastecimento do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), Luciano Libório.

A Tendências calcula que a gasolina estava 5,8 por cento mais barata no Brasil do que no exterior, na terça-feira, enquanto o diesel ainda estava 3,9 por cento mais caro no país. No caso do diesel, segundo a consultoria, o combustível está sendo comercializado no país desde novembro por preços médios quase 20 por cento superiores aos internacionais. O cenário, no entanto, ainda é volátil, ponderou o analista da Tendências Walter de Vitto. Projeções da consultoria mostram que os preços da gasolina e do diesel devem ficar próximos da paridade com o exterior na maior parte deste ano. “Para este ano, nosso cenário ainda não vê necessidade de um reajuste (de preços de combustíveis)”, afirmou Vitto. A expectativa da Tendências é que os preços do petróleo tipo Brent fiquem próximos a 70 dólares no fim do ano, quando o dólar deverá estar por volta de 3,06 reais.

É PRECISO REAJUSTE?

Mas, para outros especialistas, a necessidade de um reajuste de combustíveis no Brasil pode não estar tão distante. Para André Perfeito, economista-chefe da corretora Gradual Investimentos, o real vai continuar se desvalorizando e deve chegar a 3,50 reais no fim do ano. Dessa forma, a Petrobras poderia ter de realizar um reajuste mais para frente, caso não queira registrar as perdas dos anos anteriores.

Segundo ele, espera-se que o governo dê à Petrobras agora mais liberdade para reajustar preços, como forma de agradar o mercado e resgatar a confiança do país. “Eles vão ser mais ‘market friendly’ para… resgatar a credibilidade do país através do próprio resgate da Petrobras, que passou por um momento muito difícil”, afirmou Perfeito.

A nova diretoria da Petrobras tem evitado fazer comentários mais detalhados sobre a política de preços de combustíveis no país. “Se é verdade o que o ministro Levy (Joaquim Levy, da Fazenda) tem dito, que a Petrobras tem autonomia para fixar o preço da gasolina e do diesel, ela (a Petrobras) já deveria estar estudando um aumento”, afirmou o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires. O CBIE estimou que a gasolina estava na quarta-feira 7,2 por cento mais barata no Brasil do que no exterior e o diesel 3 por cento mais caro. “Agora vamos tirar a dúvida daqui para a frente, se o governo vai manter a política dos primeiros quatro anos de Dilma.”

Especialistas avaliam que o movimento dos últimos meses (da gasolina e diesel mais caros) permitiu que a Petrobras recuperasse apenas uma pequena parte das perdas bilionárias sofridas pela área de Abastecimento durante cerca de quatro anos até novembro do ano passado, quando a empresa não repassou imediatamente aumentos de preços externos do petróleo aos valores cobrados de consumidores locais.